quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Ser metade

Será que é certo eu esperar por notícias e me abster de perguntar?
Será que é certo eu me conter para te aliviar?
Será que é errado eu tanto me diminuir para caber em um peito que não sustenta meu tamanho?
Será que é saudável eu me moldar para tudo ser tão “natural”?

Me desculpe por minha mente não aquietar, eu sou um turbilhão no tamanho humano. Eu sou o mundo em um grão, não sei ser pouco ou ser o básico. Eu nasci transbordando e passando do limite, eu cresci incomodando por ser mais do que devia, eu fracassei sendo alguém que os outros queriam, eu renasci pregando meus espinhos e cuidando como flor, eu resisto sendo metade do que sou.
Já faz tanto tempo que me moldo pra ser melhor para os outros que minha forma real já está turva e disforme, meu coração que é maior hoje está torto por se encolher em casas pequenas, meus olhos aguentaram a ardência das lágrimas hoje por tanto escondê las de quem se envergonharia.
Não, eu não reclamo. Tudo o que se foi me fizeram ser quem sou, mesmo sendo tão metade e tão falha. Sou eu.

Cansei de ser meio, ser pouco, ser o mínimo.

Cansei de ser a medida, ser a pessoa paciente, suficiente, alegre, inteira para todos e somente meia para mim.

Me deixe ser inteira, me deixe chorar, me deixe rir alto, me deixe olhar, me deixe tocar e sentir, me der ser. Ser quem sou!

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